Hoje, os ministros das relações exteriores da OTAN se reuniram em Bruxelas e decidiram reativar o Conselho Rússia-Otan.
A Lituânia argumentou que esta decisão deveria ser adiada para o próximo encontro de Chefes de Estados em abril. Porém, Hillary Clinton foi contra o adiamento e defendeu a idéia de “explorar novo começo” com a Rússia.
Jaap de Hoop Scheffer, secretário-geral da OTAN, declarou à jornalistas que "A Rússia é um ator importante, um ator global, e isso quer dizer que não nos relacionarmos com ela está fora de cogitação".
Interessante é notar que essa mudança de posição americana aparece após as notícias de que uma carta, onde era proposta uma aproximação EUA-Rússia contra o desenvolvimento de armas nucleares no Iran, foi enviada por Obama à Medivedev.
Seria essa uma nova postura internacionalista de cooperação americana ou uma forma de barganhar com o Kremlin por interesses geopolíticos na região?
A esperança que surgiu com a eleição de Obama é de que a postura imperialista de G. W. Bush, facilmente notada na invasão do Iraque, principalmente após a divulgação de documentos oficiais recebidos pelo governo Bush onde constavam fortes indícios de que aconteceriam atentados nos EUA e nada foi feito quanto a isso, tenha dado lugar a uma verdadeira postura cooperativista americana no sistema internacional.
Arly Menezes
quinta-feira, 5 de março de 2009
domingo, 28 de setembro de 2008
Conflito osséta ou "russo-georgiano"?
Desde o colapso da União Soviética em 1991, as relações entre Rússia e Geórgia não são das mais apaziguadas. De um lado, a Geórgia acusa a Rússia de imperialismo, enquanto do outro, a acusação é de um forte nacionalismo e uma política externa anti-Rússia.
A partir de janeiro 2004, após sua acensão à Presidência da Geórgia, Mikhail Saakashvili iniciou a "Revolução Rosa", uma reconstrução e aproximação do país ao Ocidente. Desde então a Rússia vem sendo acusada pela Georgia de apoiar movimentos separatistas nas regiões da Abecásia e Ossétia do Sul, inclusive com uma denúncia por parte de Saakashvili na ONU em 2006.
Fatos como estes, parecem reflexos da ineficiência da "Doutrina do Oriente Próximo" durante o governo Iéltsin.
Desastroso, o governo Iéltsin não só foi ingênuo, como também serviu de exemplo para demonstrar que o "interesse nacional russo" não era levado em conta pelos Estados Unidos e seus aliados da União Européia pós-queda da URSS.
Porém, temos que levar em conta, também, as dificuldades de transição para um modelo capitalista, que resultou na crise de 1998, propiciando assim a expansão da UE e dos EUA através da OTAN - demonstração de uma política anti-Rússia na região. A ineficiência de Iéltsin estaria na ingenuidade de julgar o Ocidente como possíveis novos aliados. Fatos como a independência do Kossovo mostram que esta foi uma análise equivocada por parte do Kremlin quanto aos "parceiros" Ocidentais.
A região do Cáucaso é conhecida por ser uma área conturbada na qual diferentes conflitos de interesse ocorreram ao longo da história. Mas o que provocou a atual crise "Rússia x Geórgia"?
Em 7 de agosto, ataques georgianos por terra e ar ocorreram contra a Ossétia do Sul. No dia seguinte, Tskhinvali, capital osséta, foi ocupada por parte do dia.
Em respostas a tais iniciativas, a Rússia enviou tropas à Ossétia do Sul e bombardeou alvos no território da Geórgia.
A polêmica que surge nestes acontecimentos é justamente a cronologia dos fatos. De um lado, o ataque realizado pela Geórgia é defendido com base em uma informação de que tanques russos atravessavam o túnel de Roki na direção Norte – Sul. Por outro, a Rússia diz ter entrado no conflito para defender os cidadãos russos, visto que mais da metade dos 70 mil cidadãos da Ossétia do Sul teriam aceitado uma oferta de cidadania russa feita por Moscou, e suas tropas de paz que se encontravam no local.
Após estes acontecimentos, tropas russas passaram a defender com empenho a fronteira da Ossétia do Sul com a Geórgia, deslocaram-se ainda para o interior do território e confrontaram-se diretamente com a marinha georgiana. Em meio a estes conflitos, as forças da Abecásia recuperaram o território de Kodori, o qual havia sido tomado pela Geórgia em 2006.
O conflito ganha amplitude ao notar-se o estreito laço entre a Geórgia e os Estados Unidos. Bush afirmou em entrevista ao canal de televisão NBC que a resposta russa foi "desproporcional". Acusam ainda a Rússia de ameaçar e intimidar a Geórgia, sendo esta uma atitude inadmissível para o sistema internacional. "Ameaças e intimidações não são maneiras aceitáveis de se conduzir política externa no século XXI" disse Bush durante um pronunciamento na Casa Branca.
Voltando os olhos para a Europa, França e Alemanha são os que mais se beneficiam com esse conflito, visto que os dois países tem se mostrado cautelosos quanto à entrada da Geórgia na OTAN e poderão utilizar o argumento de uma indefinição de fronteiras para justificarem ainda mais suas posições.
A OTAN mandou observadores à Tbilisi e criou a Comissão Geórgia-OTAN, aprofundando a cooperação entre as partes. Ao meu ver, com esta atitude, a OTAN estimulou a Geórgia a manter uma política anti-Rússia e isto pode fazer com que novas iniciativas sejam tomadas na região. Por outro lado, a Rússia estreitou seus laços com o governo da Ossétia do Sul e da Abecásia, afirmando que darão apoio mútuo, inclusive um apoio militar caso seja necessário. "Não vamos tolerar uma nova aventura militar. Que ninguém tenha ilusões a respeito", afirmou Medvedev.
Os Eua e seus aliados tratam os assuntos ligados a Rússia com o velho olhar de Guerra Fria, identificando Moscou como uma ameaça. A Rússia, que abriu seus mercados e ruma para uma democracia, talvez não tão consolidada, mas para uma tentativa desta, afirma não possuir intenções imperialistas e suas ações demonstram isto. O que acontece é uma tentativa, por parte dos EUA, de isolar Moscou, acusando-os de negligência ou irresponsabilidade, e isto acaba influenciando a mídia que publica manchetes "anti-Rússia". Por mais que o Kremilin tente fazer parte do lado Ocidental, ele sempre é visto com intenções maléficas, por melhores que sejam as reais.
Por Arly Menezes e Rafael Brito
A partir de janeiro 2004, após sua acensão à Presidência da Geórgia, Mikhail Saakashvili iniciou a "Revolução Rosa", uma reconstrução e aproximação do país ao Ocidente. Desde então a Rússia vem sendo acusada pela Georgia de apoiar movimentos separatistas nas regiões da Abecásia e Ossétia do Sul, inclusive com uma denúncia por parte de Saakashvili na ONU em 2006.
Fatos como estes, parecem reflexos da ineficiência da "Doutrina do Oriente Próximo" durante o governo Iéltsin.
Desastroso, o governo Iéltsin não só foi ingênuo, como também serviu de exemplo para demonstrar que o "interesse nacional russo" não era levado em conta pelos Estados Unidos e seus aliados da União Européia pós-queda da URSS.
Porém, temos que levar em conta, também, as dificuldades de transição para um modelo capitalista, que resultou na crise de 1998, propiciando assim a expansão da UE e dos EUA através da OTAN - demonstração de uma política anti-Rússia na região. A ineficiência de Iéltsin estaria na ingenuidade de julgar o Ocidente como possíveis novos aliados. Fatos como a independência do Kossovo mostram que esta foi uma análise equivocada por parte do Kremlin quanto aos "parceiros" Ocidentais.
A região do Cáucaso é conhecida por ser uma área conturbada na qual diferentes conflitos de interesse ocorreram ao longo da história. Mas o que provocou a atual crise "Rússia x Geórgia"?
Em 7 de agosto, ataques georgianos por terra e ar ocorreram contra a Ossétia do Sul. No dia seguinte, Tskhinvali, capital osséta, foi ocupada por parte do dia.
Em respostas a tais iniciativas, a Rússia enviou tropas à Ossétia do Sul e bombardeou alvos no território da Geórgia.
A polêmica que surge nestes acontecimentos é justamente a cronologia dos fatos. De um lado, o ataque realizado pela Geórgia é defendido com base em uma informação de que tanques russos atravessavam o túnel de Roki na direção Norte – Sul. Por outro, a Rússia diz ter entrado no conflito para defender os cidadãos russos, visto que mais da metade dos 70 mil cidadãos da Ossétia do Sul teriam aceitado uma oferta de cidadania russa feita por Moscou, e suas tropas de paz que se encontravam no local.
Após estes acontecimentos, tropas russas passaram a defender com empenho a fronteira da Ossétia do Sul com a Geórgia, deslocaram-se ainda para o interior do território e confrontaram-se diretamente com a marinha georgiana. Em meio a estes conflitos, as forças da Abecásia recuperaram o território de Kodori, o qual havia sido tomado pela Geórgia em 2006.
O conflito ganha amplitude ao notar-se o estreito laço entre a Geórgia e os Estados Unidos. Bush afirmou em entrevista ao canal de televisão NBC que a resposta russa foi "desproporcional". Acusam ainda a Rússia de ameaçar e intimidar a Geórgia, sendo esta uma atitude inadmissível para o sistema internacional. "Ameaças e intimidações não são maneiras aceitáveis de se conduzir política externa no século XXI" disse Bush durante um pronunciamento na Casa Branca.
Voltando os olhos para a Europa, França e Alemanha são os que mais se beneficiam com esse conflito, visto que os dois países tem se mostrado cautelosos quanto à entrada da Geórgia na OTAN e poderão utilizar o argumento de uma indefinição de fronteiras para justificarem ainda mais suas posições.
A OTAN mandou observadores à Tbilisi e criou a Comissão Geórgia-OTAN, aprofundando a cooperação entre as partes. Ao meu ver, com esta atitude, a OTAN estimulou a Geórgia a manter uma política anti-Rússia e isto pode fazer com que novas iniciativas sejam tomadas na região. Por outro lado, a Rússia estreitou seus laços com o governo da Ossétia do Sul e da Abecásia, afirmando que darão apoio mútuo, inclusive um apoio militar caso seja necessário. "Não vamos tolerar uma nova aventura militar. Que ninguém tenha ilusões a respeito", afirmou Medvedev.
Os Eua e seus aliados tratam os assuntos ligados a Rússia com o velho olhar de Guerra Fria, identificando Moscou como uma ameaça. A Rússia, que abriu seus mercados e ruma para uma democracia, talvez não tão consolidada, mas para uma tentativa desta, afirma não possuir intenções imperialistas e suas ações demonstram isto. O que acontece é uma tentativa, por parte dos EUA, de isolar Moscou, acusando-os de negligência ou irresponsabilidade, e isto acaba influenciando a mídia que publica manchetes "anti-Rússia". Por mais que o Kremilin tente fazer parte do lado Ocidental, ele sempre é visto com intenções maléficas, por melhores que sejam as reais.
Por Arly Menezes e Rafael Brito
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